Não fale o que sente, o que ama, o que desgosta, o que me maltrata, o que me consterna, o que me exaspera
Não exprima o que sente,
Quiçá possa parecer verdade.
As alternativas que não possuímos, não as alimente
E deixe subsistir a saudade...
Nossas escolhas não puderam amadurecer.
Então não me larga assim, cobiçando este plus,
Que jamais poderá existir, e por isso me faz padecer.
Joga fora as chaves dos baús.
Nós seguimos atalhos totalmente diversos.
Portanto, não exponha que me ama, a não ser que permaneça aqui.
Nós habitamos, hodiernamente, distintos universos.
Há um precipício entre nós e não sairei daqui.
É muita informação para eu digerir.
Nestas circunstâncias, não diga que minha companhia te agrada,
Se for outrem quem vas sempre ouvir.
Esta coragem não vai mais ser procrastinada.
Eu inferi que não deveria aguardar o incerto.
Eu percebo que virá água do céu, eu já passei por este calvário,
E acredite, não dá mais para te ter por perto,
Conquanto, isto eu faço, quando deveria fazer o contrário...
Translado-te para onde eu vou,
Entrementes, eu já vi esta película repetidamente.
No final infeliz – óbvio ululante – feliz eu nunca sou.
Arrasto-te, mas tu estás sempre ausente.
E quando eu te miro através da cortina de vidro, do outro lado da rua,
Eu testemunho que todas as juras foram maculadas,
E não é a minha mão que o segura.
Por agora, não restaram mais juramentos e promessas para serem quebradas...
Não diga que se compadece, não vou desesperar-me.
Tudo deve ser absorvido,
Porque se estás saltitante de alegria devo acomodar-me,
Mesmo com uma absolvição imprópria, logo foste do teu crime absolvido.
Não diga que pensas em mim, que até então há esperança,
Porquanto não almejo voltar.
Depender da tua insegurança;
Não haveria como se abjugar.
Tu não tens a absoluta asseveração que eu estou a carregar,
E quando tudo ao nosso redor está maravilhoso,
Sentes uma necessidade inarredável e inexorável de estragar.
Não quero ser vítima do teu apego leproso...