06 dezembro 2016

Rouge à lèvres


Ostracismo de faz de conta.
Impunidade aos pokémons mais difíceis de capturar.
Águias se banham em termais,
enquanto amantes sonham
em ouvir o velho e bom tecnobrega.
Vendo fotos de mencheviques,
eles assistem aos Hilotas dançando no fogo
e aos estrangeiros fuzilados antes de pular o muro.
Estamos sempre colidindo
e em débito com a dor alheia.
Espíritos nos transpassam a todo momento,
pois a fumaça de Humphrey Bogart cobriu o paraíso.
Nossos jornais foram comprados por harpias,
As quais estampam todos os dias notícias sobre o milagre.
Alguns anseiam pela antidemocracia
e comem canapés feitos com os olhos de quem ainda enxerga.
Eles amam o sangue.
O seu vazio requer a densidade do sangue.

E tudo sempre será cor de sangue para eles...

28 outubro 2016

Novas Propostas


Eu quero a complexidade da vida
Porque a simplicidade já me enoja
Palavra que pouco uso esta: enoja
Eu quero a aventura, o salto mortal
Novas propostas
Eu quero flores que não sejam belas
Rios com correntezas traiçoeiras
Tratados que vão fundir o amor e a guerra
Quero frio e calor abrupto
Quero roleta russa
Bebidas que não sei o nome e o efeito
Quero mergulhos no indizível
Idiomas que não conheço
E para terminar essa primeira lista

Mordidas além de beijos

20 outubro 2016

North Pole



Ártico coração of yours
Mesmo no verão seus ventos rasgam minha pele
Não há terra, inexiste sebe
Feito de mar congelado, no shore

There´s some water, deeper and deeper, but cold, very cold
Não há flora
Não há companhia
É compulsório passar temporadas na escuridão sem qualquer alegria

Queres que eu permaneça nestas condições e é só o que podes oferecer
Esta porra de amor desconfortável
Naturalmente eu prefiro dormir no frio banco do meu carro, without you,
contemplating all of this blue

And I´ve got the blues so bad…
Your heart´s my grave and my grave´s your bed
I´ve become blue, Ice cold…
Now I know that all that glitters is not gold
I´m where the flowers dance and wither alone

I really thought your heart was my sweet sweet home

09 abril 2016

AB OVO


Se a poesia tem alma,
também devo ter.
Ela vem sempre por primeiro, 
e desde antes d´eu nascer.
Passou pelo cordão e me tomou.
... Engana-se quem pensa que não é dominante esse sagrado feminino.
Ela me torna, em qualquer idade e circunstância,
ávido menino.

Embora seja eu um sujeito que se oculta do mundo,
na névoa e no odor do mar, subo às vezes,
e por pequenos interstícios, 
ela corporifica minhas incoerentes preces.