26 julho 2012

Weather vane, Girouette


Cata-ventos
Cata-ventos
No caminho solitário
Na chuva
De um verão que nada pode aquecer
Abraçando o crepúsculo
Caminharemos
E esqueceremos
Os espinhos

20 julho 2012

Petit et de verre...


Pequeno e de vidro

Meu amor é frágil
É algo intocável, mas não é volátil
Meu amor é puro
É um porto seguro

Você é tão frágil
É como um jarro raro
E não é tão fácil
Por flores num jarro muito caro

Você é a razão do meu afeto
Aquilo que eu quero por perto
Da alma minha
Debaixo de minha sombrinha

06 julho 2012

La douce omission (Le 28 mars 2007)


La douce omission (Le 28 mars 2007)
I
Quando tento esquivar-me as dores vêm maltratar-me
II
Mas o que sobrará dos sonhos dos defuntos?
Nada! Nem a certeza de que morrerão juntos
III
Crescem lírios em meu labirinto
Para esconder o que eu sinto
Omitindo a agonia eu não minto
IV
Infortúnio, goza sobre mim
Vida, você não deveria ser assim
Conflitos concernentes somente a mim
Dores trêmulas, sábias, o meu fim
V
Estou clamando e tremendo
Perdendo tudo o que defendo
Vendo os vermes corroendo
A primavera que vem nascendo
E as alegrias nostálgicas vão fenecendo
VI
Para cada deslumbramento e encanto
Doses maiores de pranto
Apesar de eu lamentar tanto
Não aspirava à vida de um santo
Porém, a quintessência cobriu-me com seu manto
Apesar do lúgubre pássaro sem canto
VII
O pesadelo aqui me devora
Esperança...Sua ausência apavora
Por dentro a pureza chora
E o coração que não tenho agora
Volta só para dizer que vai embora
A solidão chegou em boa hora
E deixou a coragem de viver para fora
VIII
Respeito as minhas nobres dores
Não usarei as mesmas armas que fores
Para cada túmulo onde não jazem flores
Mil vidas, mil arco-íris sem cores
Por ti eu não caí de amores
Eu desabei, como desabam as velhas torres
Nuvens celestiais de dissabores
Só iria para o inferno para sentir teus ardores
IX
Não dá para continuar dormindo
Enterrando as estrelas que vão caindo
Tentar estar sorrindo
É o mesmo que estar a si mesmo traindo
A tempestade vai se esvaindo
Mas restam fragmentos que não estão sumindo
Não é o teu sorriso artificialmente lindo
O que vai manter-me fingindo
Que é verdadeiro o que estou sentido
X
O tempo todo tenho em vão passado
Pensando, sofrendo calado
Remoendo e não deixando os remorsos de lado
Eu só quero ser feliz e também amado
Estou cansado desse sorriso atado
Desse beijo não dado
E o meu mundo não fora mudado
Tenho mantido o orgulho camuflado
Para a tua volta, o meu momento esperado
Meu sonho é sair desse pesadelo para sonhar acordado