Imersio I
Eu vim aqui pelo
submergir...
Sem cordão umbilical,
propus-me a ser o
homem da zona abissal,
porque o mundo já não
me era ardil significante.
Irrefreável mar de
idealizações.
Foi preciso
resignar-se na desistência
para adentrar
hipotética treva total.
Para desafiar o
vínculo que enclausura a essência no corpo,
desvendei o labirinto
da carne.
Deixei a vaidade do
humano ver toda chaga.
Se o baile violento
nada importa à essência,
importaria o sangue
derramado?
Com as respostas
navalhadas, abri a porta em mim.
É infinita a
escadaria do abismo,
seus degraus não são
vistos, todavia, sabemos que estão lá.
Líquidas escadas de
remorsos
donde enxergamos
nossos cadáveres.
Emoções padronizadas
foram arrastadas por um rio caudaloso:
Era o prelúdio do
mais novo rompimento.
Imersio II
Véus foram rasgados
onde noite e dia
brincavam.
Conflitos anciãos
esvoaçavam
como penas de
pássaros abatidos em pleno voo.
Mais uma vez corri em
direção à... Luz? À escuridão?
Já não sabia a
verdadeira face do meu novo precipício.
Inundado de
significação, envelhecido,
virei areia do tempo
infinito,
a essência não
ocupada da metafisica do belo.
Atrelado às linhas
tecidas na sombra ou no clarão,
sempre encontrado,
sempre perdido.
Fluido ou poeira cósmica tão
significativa quanto a água para a purificação...
Painting: Quang Ho.
Painting: Quang Ho.