30 maio 2020
06 março 2020
Aluvião de Uirapurus
O Uirapuru me
apazigua
quando ouço o assobio
noturno da Rasga-mortalha.
Ele toma água
pura da bica
e liga o
desfibrilador.
Esclarece a
transição,
o purgatório
que precisamos trilhar.
Ensina ao
enxadrista uma nova estratégia.
E eu, eu não
deixo de ser passarinho no verão,
enquanto o
inverno é tudo que eles passarão,
antes de
voltar ao rez-de-chaussée
e àquele velho
mimetismo.
05 janeiro 2020
Reconvenção
Que ultraje o vento
lamber as roupas do varal,
lamber-me até o pau,
os ossos,
os dentes.
Acha que a viuvez afeiçoou-me ao frio que carrega.
Eu o fiz frio.
Fiz-me criador na própria redoma.
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