10 março 2015

Problemas no paraíso (Ou O enterramento precoce do amor)


Podemos asseverar, sem hesitação, que nenhum acontecimento é tão horrivelmente capaz de inspirar o supremo desespero do corpo e do espírito como ser enterrado vivo. A insuportável opressão dos pulmões, os vapores sufocantes da terra úmida, o contato nos ornamentos fúnebres, o rígido aperto das tábuas do caixão, o negror da noite absoluta, o silêncio como um mar que nos afoga, a invisível, porém sensível, presença do Verme Conquistador (...)

Edgar Allan Poe in O enterramento prematuro


Lembre-se do sol,
Lembre-se da chuva

Eles nunca irão tocar-me de novo esta noite

Cubra meus olhos de novo esta noite

Não me deixe ver a luz

The Birthday Massacre in Cover my eyes


Problemas no paraíso (Ou O enterramento precoce do amor)

Era verão,
manhã quente e clara.
Abriste as cortinas e trouxeste-me café na cama e girassóis.
Estar contigo era experimentar uma felicidade rara...

Chegou o inverno estraga-prazeres.
Todavia, nós nos aquecemos,
nós nos divertimos na chuva
e nós nos protegemos.

E quando o inverno chegou ao final,
vi-te com pás e correntes pela casa a arrastar.
Apenas senti um golpe na cabeça
e a-cor-dei den-tro de um cai-xão, qua-se sem con-se-guir res-pi...

Tiago Quingosta