31 julho 2022

Rondo vivace

 


Eu vou prosperar no inverno da vida!

Serei via bem colorida.

Vou colorizar a copa mais escura.

Espalharei amor amarelo no frio cinza que perdura.

Aceitarei desafios que não aceitam os covardes.

Pintarei manhãs e também tardes.

Não encolherei o peito porque não estou lutando para sobreviver.

Estou lutando para luzir e florescer...



Para mais poesias visite o instagram @quingostapoeta




16 março 2022

Autossabotagem


Autossabotagem

 

Em não me amando,

desde a infância,

autorizei que outros não me amassem,

ofendi-me.

Tentei mudar a vida

por outro reflexo do espelho.

Tentei curar a solidão com um amor

que não é o meu.

Quando só se cura a solidão

aceitando suas próprias versões e

internalizando que o maior valor

é aquele que eu mesmo me dou.


22 abril 2021

Poeta amapaense, com o apoio da Lei Aldir Blanc, realiza live poética com jovens escritores no Instagram



No próximo sábado, 24, o poeta Tiago Quingosta realiza a live Sarau Jovens Poetas no Instagram @poetaquingosta. A transmissão acontece a partir de 19h e serão 4 horas com música, poesia, bate papo e conversa com jovens escritores amapaenses. 

 
 

O poeta Tiago escreve há mais de 18 anos e tem 4 livros publicados. O autor do Livro Foz Florescente e membro do grupo de artes integradas Pena & Pergaminho receberá 6 artistas de diferentes gerações. A live é fruto do edital de chamada pública 004/2020-FUMCULT/PMM da Prefeitura de Macapá com recursos destinados da Lei Aldir Blanc. 

 
 

Para o escritor, receber os jovens na live é uma forma de democratizar a cultura amapaense. “Os recursos destinados pela Lei Aldir Blanc são fundamentais para o fomento da cultura em nossa cidade, especialmente neste contexto de pandemia que estamos vivendo. A transmissão é uma forma de democratizar e levar ao público o talento de nossos artistas locais”, pontuou. 

 
 

live conta com a participação dos artistas: Andrew Oliveira, Bruno Muniz, Isabelle Brandão, Loris Ribeiro Pinto, Liliane Oliveira e Yagho Marshel Bentes. Além das declamações, entrevistas e momentos músicas a transmissão contará com o sorteio de livros de autores locais e brindes. 

 
 

Texto: Lucas Costa 
 

 
 

Serviço - Live Jovens Poetas 

Data: 24/04/2021 

Horário: 19 horas

 


 

06 março 2020

Aluvião de Uirapurus



O Uirapuru me apazigua
quando ouço o assobio noturno da Rasga-mortalha.
Ele toma água pura da bica
e liga o desfibrilador.
Esclarece a transição,
o purgatório que precisamos trilhar.
Ensina ao enxadrista uma nova estratégia.
E eu, eu não deixo de ser passarinho no verão,
enquanto o inverno é tudo que eles passarão,
antes de voltar ao rez-de-chaussée
e àquele velho mimetismo.

05 janeiro 2020

Reconvenção


Que ultraje o vento
lamber as roupas do varal,
lamber-me até o pau,
os ossos,
os dentes.
Acha que a viuvez afeiçoou-me ao frio que carrega.
Eu o fiz frio.

Fiz-me criador na própria redoma.

16 abril 2019

Bês




O poeta é bípede
Bissexto
Bígamo
Bipolar
Bissexual
Bruxo e

Boçal


Poesia: Tiago Quingosta
Desenho: Christian-Schloe

10 dezembro 2018

Casulo exposto




Fiz-me casulo exposto,
Sem obliterar um rio quilométrico e subterrâneo.
Fiz-me morada de corvos,
quando construía ninhos para anjos.

29 agosto 2018

Não tenho tratado


Não me tenho tratado como uma alma
Venho tratando-me como um corpo
Máquina complexa, mas, roupa, perecível

Não tenho escrito novos versos
Nem reciclado antigos
Sombras já se foram
Mas há muito nas entrelinhas a ser trazido para a luz do dia



Tenho amado
Quão grande dádiva
Todavia, preciso tratar-me como alma
Preciso ressignificar
Até meus mais familiares pleonasmos

25 maio 2018

Carved in stone




There´s a bridge and there´s a star
There´s an enlightening sky to glide
The bell tolls, It´s time to depart
Once you learn how to walk properly, you cut all the roots
You heal the soreness
You become deaf to the hoots

All I know is this tortuous course
To find what I am craving for
To find the rest for the core,
I must spin into my own thorny storm

To win my battles I always needed your hands
Your embrace while all we´ve seen was dusk
But now I have to explore those new lands
And strike my undecided heart, once filled with lust

For the first time I lifted my chin
To see what was right in front of me
And to begin to change all that has been
I didn´t need any love, craved only for eternity

“You never would believe
But a dead man has flown
For the unknown
Without any tear
Behold, the slumber is gone”

26 março 2018

Heal


Todas as sombras que dão as mãos para formar a noite
Não podem tocar-me agora
Segui meu caminho de volta

Toda a fumaça que cegara meus olhos dispersou-se
O mundo era azul
E grande comoção causou-me

Todas as correntes que me prendiam oxidaram
E como areia, o medo foi embora
Carrascos desapareceram

Descobri no fim que não é tão simples a vida
E não se encontra o que se sonha
Sem paciência
Sem parcimônia

25 janeiro 2018

Se me tirares o exagero


Se me tirares o exagero
Vai faltar-me o desespero
E sem o desespero

Apago-me neste imenso cinzeiro

23 setembro 2017

Pedra de toque


Sonho com a Cidade do Óbvio,
também chamada de Óbvio Ululante;
com quimeras humildes,
entrementes, grandes,
em que pairem, como auréolas,
alegrias que não durem apenas átimos.

Sonho com jornais menos violentos,
com praças com mais flores,
menos prédios, mais ventos
e miríades de estrelas.                                                                                       
Meu sonho é Óbvio,
na minha visão estrita de mundo.

Só em Óbvio posso encontrar -
chame de bom senso
se acreditar que tal coisa existe -
uma certa cordialidade,
certa paz.
Lá posso asseverar que só o amor faz prosperar.

Óbvio reverbera em mim
e ocupa minhas células.
Todas dançam em sua cadência.
Lá, os sonhos saem de uma máquina
que não compreendo bem o funcionamento
ou o fundamento.

Quadro.: Robert McCall’s