02 outubro 2013

Kryptonita



Kryptonita

Dói.
Chegar perto de ti corrói.
É como se tu fosses a minha kryptonita,
tornando minha vida uma agonia infinita.

Ao teu redor eu não consigo me mover,
e nada eu consigo entender.
Não consigo nem falar.
Fico congelado pela dor lancinante do falso amar.

Tu és o tendão de Aquiles, o coração de Shiryu, o alho para o vampiro;
a bomba açucarada para o diabético, o antraz que respiro.
És o corte sorrateiro dos cabelos de Sansão
e as garras de ave de rapina em meu coração.

Sempre me deixa de joelhos a tua radiação,
então não tenho escolha a não ser pedir compaixão .
E depois que tu sugas minhas energias, eu já nem sei quem sou.
Doei-me tanto que talvez seja um morto-vivo reanimado pelo amor que acabou.

Queres saber? De ti eu vou me exorcizar...
Vou deixar o orgulho imperar.
Sei que as tuas palavras, enquanto estou imóvel pela kryptonita, costumam me estuprar...
No entanto, um dia, destas correntes, eu irei me libertar!

Tiago Quingosta

22 junho 2013

Abraçando (literalmente) a oportunidade



Sabe aquela sensação de que você está resolvendo uma questão de um teste de um concurso público, e, de repente, você encontra a resposta e até sorri?! A pergunta podia até nem ser tão difícil assim. Mas você corre para anotar a resposta em algum lugar antes que a esqueça. O amor é algo parecido! É OPORTUNIDADE, e não OPORTUNISTA. Você está tentando resolver um aspecto da sua vida, e, de repente, de supetão, encontra a solução, personificada, no caso; encontra a peça que faltava. Para não deixar a solução “fugir” – como cortesias para festas, ônibus e dinheiro, a solução sempre foge - você tem que guardá-la, armazená-la, antes que esqueça que na vida o mais importante é amar, e procedendo desse jeito decida resolver o resto dos milhares de outros aspectos da sua existência finita. O resto, bem, o resto é o resto. O amor não é resto; é máquina de pipoca com defeito, produzindo quantidades exageradas de pipoca; é coca-cola de 100 litros, barras de chocolate quilométricas e romances piegas no cinema com 1 zilhão de finais felizes, e sem donzelas que morrem no final, claro.

30 abril 2013

Can I bury a passion? Of course…




Can I bury a passion? Of course…

His doll has a broken leg
And in days of sorrow
Our atmosphere is bigger
The clouds are screaming in love with the earth
My dark desires are so cold
I know…Isn’t the end
For the reveries within my soul
I’ll give you more regrets
I’ll not set you free
On the fields of eternal solitude
The bugs are inside my mouth
And in my eyes
A crystal teardrop is falling
I called so much for you
To leave the day
And hold me in your arms
I gave you more I should
Now…Who will stop the shivers at night?
I plant flowers in my grave
To forget that the time doesn’t pass
I’m going to cut you down
I’m going to abandon you in your tower
Am I in love? God, no! I must die before…

Tiago Quingosta

Painting from the great Kevin Llewellyn

16 abril 2013

Love, little ugly love




Amor, feinho amor

Eu quero um amor feinho
Que venha bem de mansinho
E que goste de abraçar

Eu quero um amor feinho
Que não seja mesquinho
Que não precise que eu ensine como me tratar

Eu quero um amor feinho
Que também seja burrinho
Só assim ninguém irá lhe cobiçar

Eu quero um amor feinho
Que seja bem calminho
Senão os dois vão se estressar!

27 fevereiro 2013

Catatonia Wonderland




Ela se espreguiça
Coloca o primeiro pé no chão frio
E o retira imediatamente
Como se houvesse pisado em uma agulha
Era o pé esquerdo...

Afasta a cortina
O sol ruge fraco
Com medo de nuvens chamadas cumulus, stratus, cirrus e desesperanças
Parecia que era para sempre, o inamovível
No entanto foi quase um dia

Lá vai ela ser puxada para a realidade mais uma vez
Lá vai ela ser arremessada para Catatonia Wonderland
Lá vai ela para a realidade
Lá vai ela para Catatonia Wonderland

Ela acreditava no para sempre
Em coisas perpétuas
Mas flores apodrecem e cartas se esquecem
Dias passam
E preces se perdem

Ela toma o seu café da manhã
E logo depois entra em Catatonia de novo
Passaram-se 15 horas
Quase um dia
Tempo nunca foi algo absoluto

Lá vai ela ser puxada para a realidade mais uma vez
Lá vai ela ser arremessada para Catatonia Wonderland
Lá vai ela para a realidade
Lá vai ela para Catatonia Wonderland

Catatonia é um mundo colorido
Onde tudo parece dar certo
Sombrinhas e rios de chocolate
Sem erros, sem discriminação
Aceitação e amor não seletivo

Ocorre que já está chovendo
E uma janela ficou aberta
E molhou o jornal que estava em cima da mesinha
Trazendo-a de volta novamente
Para este mundo

Lá vai ela ser puxada para a realidade mais uma vez
Lá vai ela ser arremessada para Catatonia Wonderland
Lá vai ela para a realidade
Lá vai ela para Catatonia Wonderland

Era para ser sempre, mas o para sempre, para sempre acaba
Era para ser qualquer outro advérbio
E não? Dor?
Dor substantiva, palpável
Ou dor invisível, tanto faz

Amor cancerígeno
Uma dor que nem morfina alivia
Chovem cinzas
No lugar de pétalas
Às vezes apenas chove

Lá vai ela ser puxada para a realidade mais uma vez
Lá vai ela ser arremessada para Catatonia Wonderland
Lá vai ela para a realidade
Lá vai ela para Catatonia Wonderland

Catatonia é um lugar maravilhoso onde as pessoas comemoram sem ter motivo
Céus cerúleos e mares rasos e doces
Lábios vermelhos e sorrisos
Catatonia sabe o que é preciso
Arrastar para longe do tédio