Planar
A lua está plena, pendendo no azul anil
Atordoa-me uma saudade imensurável e senil
A tua ubiquidade é sentida mesmo quando estás a partir
Até na hora em que me inclino a dormir
Aquele que agora começo a seguir...
Faz o chão sumir, e o céu, dentro do coração, como aquele antigo mar, se abrir
Em meus devaneios, aguardo por ti ansiosamente,
Para que com um ósculo faça-me adormecer serenamente
Como se a jornada não possuísse gênese nem final
A tua ternura conduz-me ao caminho sem plúvio no meio do temporal
Aquilo que neste momento começo a sentir...
Faz o chão sumir, e o céu, dentro do coração, como aquele antigo mar, se abrir
O teu amor mostrou-me por onde recomeçar, por onde me encontrar, por quem me entregar
E ao teu lado quero sempre estar... Estar, ficar, cantar, sonhar, amar... E abundantemente amar
Nunca sondei algo com tanta veemência
Não consigo esquivar-me de sucumbir à rendição da minha carência
Aquela emoção que hoje me fez sorrir...
Faz o chão sumir, e o céu, dentro do coração, como aquele antigo mar, se abrir
Por ti...
Senti...
Nos teus braços eu quero sucumbir e soçobrar
O fundo não vou atingir, porquanto nas tuas nuvens eu consigo planar
Aquilo que nesta hora não posso medir...
Faz o chão sumir, e o céu, dentro do coração, como aquele antigo mar, se abrir
Fantasias e quimeras aqui e ali. Num quadro que não se pode pintar
E com cores ordinárias não poderia nem almejar
Ao teu lado quero vislumbrar o azul-esverdeado do mar
E da nossa simbiose não pretendo jamais escapar
Aquele com o qual esta vida desejo dividir...
Faz o chão sumir, e o céu, dentro do coração, como aquele antigo mar, se abrir
O teu ósculo vem, novamente, cala os meus receios
O teu amor suprime todos os meus freios
Leva-me para onde quiser
Eu abraçarei contigo tudo o que vier...
Aquele que está por vir...
Faz o chão sumir, e o céu, dentro do coração, como aquele antigo mar, se abrir
É paixão e é amor
O que temos é uma mistura, o que eu emano é o teu ardor
Não me resta mais nada Odisseu
A não ser ratificar que sou teu...